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A PESQUISA

      Usamos a pesquisa histórica, a escuta e as memórias da região de Monteiro Lobato como ponto de partida, para compor a narrativa de Forasteiros. O processo de pesquisa contou com a historiadora Chiara Beltrame e a antropóloga Renata Sparapan, especialista em cultura caipira. Nos sentamos juntas em Monteiro Lobato por algumas manhãs e compartilhamos, além do café, o que sabíamos e sentíamos. Em um segundo momento Chiara entrevistou moradores de Monteiro Lobato enquanto Renata nos trouxe as referências de publicações no tema da cultura caipira e nos levou à biblioteca do Museu do Folclore em São José dos Campos. 

Nosso resultado não é acadêmico, tampouco científico, no entanto acreditamos que ele tenha seu valor, portanto o compartilhamos.

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O tema das prosas

 

     Organizar as reflexões que fizemos juntas é um desafio, visto que o encontro entre café e bolos vai além do que pode ser registrado e traz à tona percepções de nós mesmas dentro deste contexto.

       Em nossa busca pelas diversas representações do caipira para a criação das nossas personagens logo percebemos a ausência da representação da mulher em quase todas as fontes. O que encontramos foram visões pitorescas, que o definem sobre um olhar distante e realçam a inferioridade e incivilidade desse tipo. Nos deparamos com a perspectiva do outro que o define mais pelo que ele não é. 

         Uma leitura fundamental para essa pesquisa, da qual cito um trecho a seguir ,  é  Os caipiras de São Paulo  de João Brandão.

 

“Fácil compreender por que eram percebidos como uma gente dispersa, indigente, indolente e ignorante. Porque, ademais de pobres e expropriados, como iremos ver mais adiante, eram, simbolicamente, mais do que o índio e o negro escravo, o oposto do senhor de terras”

      Podemos dizer que os primeiros registros do caipira feito por esses passantes, registravam um modo de vida ancorado em uma condição específica de subsitsência, advinda do processo de colonização, escravização e fim das bandeiras que podemos considerar encerrada. 

mesmo que o sistema econômico e de produção de alimentos seja completamente distinto atualmente ainda usa-se o termo caipira em oposição aquele que vive na cidade. Mas então, qual seriam as características do caipira de hoje?

 

CAIPIRA IS NOT DEAD

( diz o pixo na cidade)

        Quando o capitalismo engole o campo o caipira deixa de ser um modo de vida e passa a ser uma cultura, uma identidade. O modo de vida do caipira paulista tem muito a ver com a subsistência. Plantava-se pra comer, em uma terra da qual muitas vezes não se tinha a posse. A troca dos excedentes , a partilha, faz parte desse modo de vida, pois é elemento fundamental da sobrevivência. 

       O caipira que tudo sabe, pois é responsável por tudo que é fundamental para sobreviver, tem seu conhecimento constantemente deslegitimado. É  uma narrativa que se repete em contextos diversos, uma hierarquização de saberes e modos de vida que coloca no topo justamente aquele que as categoriza. O olhar do colonizador se perpetua em contextos e escalas diversas. 

 

      Atualmente a cultura caipira é vista em geral de forma menos pejorativa do que nas antigas classificações. Como tudo no sistema neoliberal , o caipira é  uma identidade reconhecida para ser  atrelada a venda de produtos . Restaurantes caipiras, músicas neocaipiras, eventos turísticos, canais de youtube, roupas e apetrechos , se baseiam na cultura caipira mas também a reinventam. Podemos dizer que a cultura caipira está em disputa em diversas frentes, destacando o agropop e sua tentativa de criar identificação com aqueles que vivem no campo  em meios midiáticos, ao passo que se afasta grandiosamente das práticas de subsitência que eram a essência do caipira em outro momento.

       Não ousamos definir um estereótipo, mas podemos dizer que neste contexto de criação da nossa audio-novela, o caipira é aquele  vive em área rural, preservando hábitos que os aproximam mais da transformação das matérias naturais que o cercam do que dos modos de produção industrial, como: fogão a lenha, a cestaria, o cultivo de alimentos, a criação de animais, a relação de trabalho intenso e constante, em completa dependência das nuances do solo e climáticas.

Identidade - bairro

Solidariedade

Festejo

 

Pinga
 

Religiosidade

 

Honra

 

Saudades

Ciclos

Família

 

Contemplação


 

Bruxaria

 

Casamento

Lenda

Música

Silêncio

Amizade

Tempo junto

Casamento

Foram algumas das palavras que rodearam nossas discussões

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Entrevistas

O Caipira sabe tudo

Ah menina, e sua mãe deixa?!
 

Casei foi com um defunto, fechado pra dentro, que num gostava de dança.

acho a s coisa mais linda quem tem a capacidade de ensina o otro. eu queria sê proferssira

Nunca tive sonho de casar
 

Eu não sou caipira porque não sou da roça

Tá ruim mas tá bom. Não é uma opção ficar parado.

Desde criança crescia ajudando na roça.

olhava pro céu e dizia, vai chover ! e não é que chovia. Daqui a três dias vem o vento, é não é que vinha

Tinha essa professora que xingava se a gente fala o portugues errado. Assim que a gente aprende a falar correto.

Saudades de ir pra Aparecida de caminhão.

A minha vó mesmo diz que foi pega no laço

Caipira fala tudo atrapaiado
 

Esse negocio de muito estudo parece que deixa a criançada tudo perdido, tudo vagabundo. Hoje em dia as criança não sabe fazer mais nada.

REFERÊNCIAS

Livros
Músicas
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